
Ao final do dia e à hora combinada, lá foram pai e filho buscar o automóvel. Foram recebidos por um "amigo" que simpaticamente explicou como decorrera a revisão. O Carlos ouviu atentamente, pagou e ia despedir-se quando o "amigo", olhando para o Tiago, disse:
-Então o seu netinho gostou do passeio?
(Ainda hoje recorda este episódio e diz com graça,que sentiu um soco no estômago...)
Passaram-se anos. O tempo passa mesmo depressa... e um dia destes fomos a Lisboa para ver os netos. Estávamos na casa do filho Pedro, pai da Inês. A certa altura ela apareceu com vários desenhos que acabara de fazer e começou a distribui-los. Um para o pai, outro para a mãe...até que chegou a minha vez.
-Esta é a avó.
Olhei. Um círculo grande com dois círculos no interior formavam o rosto e os olhos.Um traço horizontal era a boca. Tinha corpo, dois braços e duas mãos com cinco linhas compridas a fazer de dedos, ainda duas pernas...estava giro! A enfeitar o rosto, muitos risquinhos de forma desordenada... Depois de apreciar, pensei que se tinha enganado e disse-lhe:
-Inês, este retrato deve ser o avô, pois tem muitas barbas ...!
Com os olhitos muito abertos e surpresa, respondeu-me:
-Avó, és tu. Não são barbas. São muitas ruguinhas...
(E não é que eu, depois de tantos anos, senti a dor de um soco no estômago?!)
7 comentários:
Amiga Céu, as crianças quando fazem um desenho por vezes os adultos não conseguem ver o que eles vêem em nós !
São pequenos mas reparam em tudo !BJS.
Ai os olhos das crianças são tão apurados...
(Mas... se calhar exagerou um pouco nos risquinhos!...)
Foi dado com a suavidade que só essa mãozinha, que também é tão tua Céu, soube desenhar!
São cheias de ternura as tuas recordações!
Palavras inocentes e sinceras. As ruguinhas são da ternura de muitos dias, muitos sorrisos e uma ou outra lagriminha!
São ternurentas e o melhor é amá-las!
Que grande recordação,estamos a ficar velhotas, um grande beijo.
Conclusão: só quando nos tornamos adultos ficamos hipócritas. Nas crianças prevalece a inocência. E o amor que a Inês te tem, "apesar" das rugas. Para ela, tenho a certeza, não são rugas, são rios de luz.
Pois é D. Céu, este episódio passado com a sua Inês fez-me lembrar uma outra história também passada com uma Inês, dessa vez a minha... E por sinal as duas com a mesma intenção... As crianças são de mais! Fernanda Silvestre
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